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FINANCIES – Cenário Medicina Brasil 2024

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Na recente apresentação no evento FinancIES (16/08/24), nosso sócio fundador, Romário Davel, abordou a situação atual e as perspectivas futuras do mercado educacional, com ênfase nos cursos de Medicina. Este setor, embora tradicionalmente robusto, enfrenta desafios significativos e exige estratégias inovadoras para garantir a sustentabilidade e a qualidade das instituições de ensino superior.

O ensino superior no Brasil passa por um momento de transição, com mudanças demográficas, econômicas e tecnológicas afetando o setor de maneira profunda. A pandemia acelerou a necessidade de digitalização e adaptação das instituições, enquanto a economia impôs restrições financeiras tanto para as instituições de ensino quanto para os estudantes. Nesse contexto, os cursos de Medicina, que historicamente apresentam alta demanda, estão sob pressão para se reinventar.

A expansão dos cursos de Medicina fez com que o Brasil passasse de um total de aproximadamente 24 mil vagas em 2015 (considerando instituições públicas e privadas) para mais de 59 mil vagas em 2022, um aumento expressivo de 143% em sete anos. Além disso, em 2023 foram abertas 656 novas vagas, e até a data da apresentação, mais 1.213 vagas foram autorizadas em 2024.

Entretanto, apesar desse aumento expressivo no número de vagas, o total de inscritos permaneceu estável, em torno de 1 milhão. A relação de candidatos por vaga, que era de 30,4 em 2015, caiu para 7,1 em 2022, e em 2023 já há instituições com uma relação de apenas 5 candidatos por vaga. Desde 2020, as vagas oferecidas em cursos de Medicina não estão sendo totalmente preenchidas, e em 2022, quase 14 mil vagas ficaram sem preenchimento, indicando uma saturação em algumas regiões e a necessidade de revisão nas estratégias de captação e retenção de alunos.

Além disso, observa-se uma pressão do mercado nos valores das mensalidades de Medicina, que passaram a priorizar cursos com valores abaixo de R$ 9.000,00. Historicamente, duas grandes restrições impediam muitos estudantes de ingressar em cursos de Medicina no Brasil: a escassez de vagas autorizadas e as mensalidades elevadas. Embora o aumento do número de vagas esteja atendendo a uma dessas restrições, o alto custo das mensalidades continua a ser um obstáculo significativo.

Nesse cenário, a necessidade de financiamento para os estudantes se torna cada vez mais evidente. Para mitigar esse desafio, é essencial que as instituições de ensino desenvolvam e promovam programas de financiamento acessíveis, seja por meio de parcerias com bancos, programas governamentais ou soluções internas de crédito educacional.

No que se refere aos custos acadêmicos, Romário destacou que a quantidade de horas-aula semanais por aluno no curso de Medicina é sete vezes maior do que a recomendada para um curso de Direito, por exemplo. Além disso, o custo da hora docente no curso de Medicina é cerca de 3,5 vezes maior em comparação com o curso de Direito, sem contar os gastos com horas médicas, estágios e parcerias com hospitais e clínicas.

Além do mais, custo de captação de alunos para os cursos de Medicina varia entre R$ 3.500,00 e R$ 4.000,00 por aluno, sendo significativamente maior do que o custo para captar alunos em outros cursos presenciais, que gira em torno de R$ 800,00 por aluno. Esse diferencial de 333% adiciona pressão sobre as instituições.

Esses fatores justificam o elevado valor de mensalidade dos cursos de Medicina e destacam a necessidade de soluções financeiras para ampliar o acesso.

Adicionalmente, há uma preocupação crescente com o resultado financeiro dos cursos de Medicina, especialmente os novos, que enfrentam dificuldades para preencher suas vagas e alcançar a sustentabilidade financeira. Para que um curso de Medicina atinja resultados financeiros elevados, é necessário ter ao menos 80 vagas anuais. No entanto, as recentes autorizações de cursos têm liberado apenas 60 vagas, o que pode comprometer a viabilidade econômica dessas novas ofertas.

Diante desse cenário, há uma tendência de ticket médio e EBITDA menores, além da necessidade de ajustes nos projetos pedagógicos e a redução no gasto com folha docente médico.

Apesar dos desafios, existem oportunidades significativas para o crescimento e inovação nos cursos de Medicina. A adoção de tecnologias como a telemedicina, simuladores de alta fidelidade e plataformas de ensino híbrido podem reduzir custos e aumentar a eficiência, sem comprometer a qualidade do ensino. Além disso, parcerias com hospitais e clínicas podem criar sinergias que beneficiam tanto as instituições quanto os alunos.

O futuro dos cursos de Medicina depende da capacidade das instituições de ensino superior em inovar, adaptar-se e gerenciar de forma eficiente seus recursos. Diante disso, fazemos um convite à reflexão sobre as estratégias que as instituições devem adotar para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o mercado educacional oferece. Com uma abordagem estratégica e inovadora, as instituições podem não apenas sobreviver, mas prosperar neste cenário em constante evolução.

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